segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Há muitos anos atrás, lendo um livro de crônicas  de  Paulo Mendes Campos, em Paris, registrei essa pérola que ele escreveu sobre o que  falou à sua filha Maria,  ao lhe dar o livro  Alice no País das Maravilhas .

Guardo sempre  comigo,  como um bem muito precioso  e decidi compartilhá-lo contigo,  querida sobrinha. Com certeza,  vai  enriquecer teu blog.

Com todo o carinho do teu  Tio Carlos.



“ Toda pessoa deve ter  3 caixas para guardar humor: Uma grande para o humor mais ou menos barato que gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa  ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma , para rires de ti mesma;  por fim, uma caixa preciosa, muito escondida , para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de sofrimento ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas  ou muito bacanas. Cuidado Maria com as grandes ocasiões. Ás vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não sair dela. A dor também tem  o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado.  Por isso Alice depois de ter chorado um lago, pensava: “ agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lagrimas.”

Conclusão : A própria dor tem sua medida. É feio, é imodesto, é vão.  É perigoso ultrapassar a fronteira da nossa dor

2 comentários:

  1. ...ela mostra todo o lado do meu lôdo...caixinha de pântano, minha dor.

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  2. Uma vez tive um sonho em que eu questionava o porquê de tanta dor no mundo...e avistei uma cena que ficou gravada na minha memória: vi uma mãe dando o primeiro banho no filho, ela sorria enquanto ele gritava em pânico...
    Percebi que nem sempre a dor é real, e saber lidar com ela é necessário, é imprescindível para que possamos ter uma vida digna...

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