quarta-feira, 25 de maio de 2011

*"Eu quero ir, minha gente..."

Eu não sou daqui.
Não fui feita à "imagem e semelhança".
Sou um estranho no ninho de tantos ninhos estranhos.
De tantos feitos à "imagem e semelhança".
Eu não tenho nada.
Vejo imagens tortas, sombrias, embrutecidas...
Semelhanças grotescas, vazias, esfaceladas.
Tudo sem riso...e, eu só quero ver Irene rir.


Francisca Inês
*Titulo tirado da musica de Caetano Veloso "Irene".

segunda-feira, 23 de maio de 2011


Mar ritmos

A ver navios

Como são grandes os navios que passam lá longe, na linha do horizonte...

E que vejo daqui...

Mas todos cabem em qualquer um dos pequenos caixilhos da grande janela da minha casa e que dá pro mar. ..

Céus, como demoram, para cruzar de um caixilho a outro!


A ver vazios

São todos brancos e grandes os navios que passam lá longe, na linha do horizonte.

Embora tão sólidos e navegando sem afastar-se um grau de seu rumo, não levam nada ...

Nem ninguém!

Porque vêm de nenhum lugar e vão pra lugar nenhum.

Por isso, também, nunca voltam.

Nem fumaça... nem apito.

Navios fantasmas que carregam os vazios do mundo.


 

Carlos grassioli, Praia da Gamboa /SC, outono de 2010.


 


 


 


 


 


 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

* "Verde que te quero verde."

Hoje é um exercício diferente.
Estou no parque no “meu paraíso” e vou postar aquilo que vem vindo à cabeça...

Como um exercício mesmo!

As folhas tem cores diversas, delicados matizes de verde. São perenes, gosto de suas formas lindas, exóticas e paradas...

Não tem proteção, estão absolutamente abertas a tudo, a todo ser vivente...

Vejo borboletas, assim como vejo lagartas...a vida em real manifesto.

Hoje em especial, folhas, verdes, inércia , como se nada ou tudo importasse.

Essa paragem lembra-me a solidão, às vezes aconchega, às vezes assusta.

Estão absurdamente paradas, como mortas...E, percebo a leveza de seu silêncio, interrompido algumas vezes, por um canto silencioso de um pássaro...que hoje, também especialmente, resolveu se aquietar!





*Este título foi tirado de uma poesia de Federico Garcia Lorca - Poeta Espanhol, morto em 1936.
Garcia Lorca foi preso e morto com um tiro na nuca. O deputado católico direitista que o prendeu, justificou sua prisão sob a alegação de que ele era "mais perigoso com a caneta do que com o revólver."

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Kafka..

"Leopardos irrompem no Templo e bebem até o fim o conteúdo dos vasos sacrificiais;
isso se repete sempre; finalmente, torna-se previsível e é incorporado ao ritual."

Ao escrever esta frase, que não é uma frase, que é uma tese, fiquei  pensando
por um determinado tempo ,  de que como fomos privilegiados por termos tido
antepassados que pararam para pensar.
E, dou-me conta, de que na atualidade, poucos seres se dispõem a parar...pensar...
Por que isto está na minha vida?
Por que penso assim?
Até onde sou eu?
Quando ando pela   vida, ouço pessoas  repetindo  frases  programadas,   
afirmações que já perderam o sentido, ou pior, que nunca tiveram sentido.
Valores sendo transmudados sem critérios e incorporados a nossa vivência
já se tornou coisa habitual, estamos nos tornando verdadeiros títeres de nós. 
Uma mente pétrea,  é uma mente perigosa, talvez a mais letal das armas...
Valores inquestionáveis, as ditas verdades, acarretam e acarretaram  as
maiores monstruosidades da história humana.
Muito do que é dito, escrito, ensinado e "pensado"está na vida, apenas, por ter
sido repetido e repetido.

Os leopardos irrompem no Templo, e bebem o conteúdo dos vasos sacrificiais
e já estamos aguardando suas presenças como se as suas não-presenças
pudessem obstar a prática de nosso ritual.
E, os aguardamos certos de que sempre fizeram parte deste ritual.


Francisca Inês