segunda-feira, 27 de junho de 2011

Fazendo versos...

Nem sempre os tempos foram assim.
Houve tempos de temporais,
de sonhos desfeitos,
de intrépidas manhãs e
"assustantes" anoitecer.

Tempos de sentir frios,
calafrios de desamor.
Onde o olhar órfão
percorria o estar vazio.

Tempos de solidão não-querida,
de alma perdida,
de incrédulos acordar.



Um pouco de mim prá vcs!
Fatima

domingo, 19 de junho de 2011

Página Molhada.

“Bons amigos, bons livros e uma consciência
preguiçosa: eis a vida ideal”
Mark Twain

Que Bom seria se fosse o livro o meu ofício!
Mas eu me contento com o vício!
E degusto, mais do que leio, “Jó - Romance de um homem simples”. De Joseph Roth, ( Cia das Letras), não por acaso, contemporâneo de Kafka e Proust.
Intenso, profundo, moderno. Escrito com a precisão e o requinte do bom ourives da palavra. De um pintor de palavras Em cada uma, um significado, uma cor, uma música diferente. Momentos de beleza e tristeza, infinitas. Nunca essa rima foi tão perfeita.
Chove! Chove muito, torrencialmente, há dias, há séculos,sem parar!
Então eu aproveito neste momento, a bênção de estar na minha pequena , simples mas acolhedora casa, meu refúgio, meu reino pessoal, de ter em mãos um livro tão precioso, de estar de bem comigo, com a vida, com minha solidão e de ter a minha disposição , essa máquina de escrever melhorada que é meu computador.
E de ter o privilégio de abrigar no coração, o sentimento da verdadeira amizade e a certeza da correspondência.
As vezes, com tão pouco, com duas folhas de couve, uma farinhazinha, um naco te toucinho, um foguinho crepitando, a panelinha de barro e pronto, tá feito o caldo que ao sorvermos, quentinho e saboroso, além do conforto, pode nos levar a um instante de profunda gratidão.
De quase oração!
Eu sei que a vida não é assim. Eu não sou assim....mas neste instante, eu e a vida, estamos assim...
E a fim de dividir esta cumbuca de caldo, este caco de prosa, com quem sabe, mais do que apreciar, sorver!

E deixar chover.

Às vezes...

é tão bom viver!



Carlos Grassioli

terça-feira, 14 de junho de 2011

Aos algozes da Arte

Como lobos ferozes, tão sutis quanto esfomeados,
altivos em suas atrocidades, patéticos em seus
objetivos nem sempre claros, mas sempre ferrenhos.
Um brinde aos algozes da arte , excelentes
depreciadores, com suas críticas mal embasadas,
cheirando à falta de pudor, encobertos pelos negros véus
de suas tiranas intelectualidades...
Ditadores de caminho, sem o sabor do peregrinar...
Nos seus camarotes acolchoados por seus egos e infantis
seguidores, sinalizam diretrizes,corrompem opiniões,
decretam seus dogmas de barro!
Um brinde aos que sufocam mentes brilhantes, aos que secam
criações, aos que nada vêem, aos que nada fazem...
Aos que tudo sabem!


Francisca Ines

terça-feira, 7 de junho de 2011

Grand Finale

Eu imagino uma sonata, um solo de violoncelo, para acompanhar o gracioso e delicado bailado das folhas que morrem no outono, caindo das respectivas árvores, descendo, dançando suave, fazendo pequenas pausas e até piruetas, como se estivessem, brincando de estarem vivas, de voar, confundindo-se e me confundindo em meio as borboletas, até pousarem , sem o menor impacto, no chão .

Como se ao desprenderem-se dos galhos, aproveitassem, ainda, um último sopro de vida , para experimentar um tipo de liberdade até então desconhecida.

Assim, dançando e até esvoaçando um pouco, seguem no seu derradeiro bailado, ao sabor do vento, da brisa, até o último suspiro, quando, finalmente,e definitivamente se despedem da vida para se deitarem,
delicadamente no chão.




Carlos Grassioli

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Os Dois Lados Da Vida

Debaixo do chuveiro, com toda aquela água caindo como uma carícia,
um sorriso surgiu assim aflito no meu semblante.
De repente vi que era bom ter um chuveiro de onde a água caísse ao
abrir uma torneira, e ao abrir duas as águas se unissem para se entenderem antes de chegarem ao meu corpo.
E que eu tivesse o controle disso, deixava-me uma sensação de onipresença que me levava ao já citado gesto de sorrir feito boba.
E sorrindo ainda, os olhos fechados para melhor sentir-me, esticava a mão para o sabonete, achando bom ter um sabonete à mão, o xampu, a escova para as costas, tudo ali a me gratificar o momento único, eu me dando conta de que ter um chuveiro era ser o orquestrador de uma chuva excepcional, um emulador de São Pedro.
Enquanto durava esse momento de fuga de tudo que não fosse água ou umidade, de tudo que se aproximasse à secura áspera do verão, dentro de mim um canto se fazia, um canto querendo se acompassar ao repicar da água, em harmônico dueto.
Uma cortina servia de anteparo entre a sofreguidão do corpo e a placidez dos objetos lá fora, em servidão.

Tirzar Ribeiro, escritora, nasceu em Ribeirão Preto – SP.
Entrelinhas / aBrace Editora / Uruguay