“Bons amigos, bons livros e uma consciência
preguiçosa: eis a vida ideal”
Mark Twain
Que Bom seria se fosse o livro o meu ofício!
Mas eu me contento com o vício!
E degusto, mais do que leio, “Jó - Romance de um homem simples”. De Joseph Roth, ( Cia das Letras), não por acaso, contemporâneo de Kafka e Proust.
Intenso, profundo, moderno. Escrito com a precisão e o requinte do bom ourives da palavra. De um pintor de palavras Em cada uma, um significado, uma cor, uma música diferente. Momentos de beleza e tristeza, infinitas. Nunca essa rima foi tão perfeita.
Chove! Chove muito, torrencialmente, há dias, há séculos,sem parar!
Então eu aproveito neste momento, a bênção de estar na minha pequena , simples mas acolhedora casa, meu refúgio, meu reino pessoal, de ter em mãos um livro tão precioso, de estar de bem comigo, com a vida, com minha solidão e de ter a minha disposição , essa máquina de escrever melhorada que é meu computador.
E de ter o privilégio de abrigar no coração, o sentimento da verdadeira amizade e a certeza da correspondência.
As vezes, com tão pouco, com duas folhas de couve, uma farinhazinha, um naco te toucinho, um foguinho crepitando, a panelinha de barro e pronto, tá feito o caldo que ao sorvermos, quentinho e saboroso, além do conforto, pode nos levar a um instante de profunda gratidão.
De quase oração!
Eu sei que a vida não é assim. Eu não sou assim....mas neste instante, eu e a vida, estamos assim...
E a fim de dividir esta cumbuca de caldo, este caco de prosa, com quem sabe, mais do que apreciar, sorver!
E deixar chover.
Às vezes...
é tão bom viver!
Carlos Grassioli
Quando gostamos de nossa companhia a solidão torna-se deliciosa. Uma chuva, um bom livro, um fogão a lenha e um caldinho quente nos fazem divagar e momentos assim merecem uma oração.
ResponderExcluirEzél
Deixar viver , assim.
ResponderExcluirRespeitar o viver, assim.
Viver, assim, quanto mais se puder!
Francisca
Que sorriso este post. Sabe, tenho nojo das baratas, do seu cheiro de coisas velhas, mas as baratas só esperam na minha cozinha, para ver a minha cara. Nao posso nega-las para este sentimento. Eu matei com um chinelo uma barata, acho que a rainha entre elas, e as outras baratas revoltadas, fizeram uma pequena dança de protesto. Nao me sinto na solidão quando tenho ao menos a companhia de um inimigo que sou maior que ele. E como voce disse (As vezes, com tão pouco, com duas folhas de couve, uma farinhazinha, um naco te toucinho, um foguinho crepitando, a panelinha de barro e pronto, tá feito o caldo que ao sorvermos, quentinho e saboroso, além do conforto, pode nos levar a um instante de profunda gratidão)as baratas, me fizeram companhia, e me mostraram a gratidao de ter me tirado da agonia da tristeza. O poder (indulgente) de ter poder, me libertou de uma deprimente solidao.
ResponderExcluirAdorei, Julie, mais do que interessante, é desconcertante teu comentário. Entre outras coisas, remete ao universo Kafkiano, mas ao mesmo tempo que aquilo que pro Kafka se constitui em maior inimigo - o poder - você o usou e muito bem a teu favor.
ResponderExcluirAbraços
CArlos