quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


Gosto da cereja.

Logo que chego a Porto Alegre, onde vivi grande parte da minha vida, acabo sentindo sempre uma forte nostalgia, mesclada a uma tristeza mansa, lá no fundo da alma, que aponta pra passagem do tempo.
Juntou-se  a isso, naquele dia,  e não sei exatamente por quê, um sentimento de solidão atávica, talvez da própria condição humana e que me fazia cantarolar: “onde quer que eu vá, sei que vou sozinho”.
O que não me impediu de fazer uma caminhada pela antiga e simpática  pracinha da Caixa D’Água Moinhos de Vento, porque aprecio muito e também, por ser um lugar pouco frequentado.                                                                                         
Já andei ali tão sozinho e acabei “indo tão longe” que quando vi estava de novo em Istambul... ou em  Marrakesh .
Era uma segunda feira, 11 de outubro, véspera de feriado e um sol tímido se despedia de um dia lindo de primavera.
Não havia ninguém e a pracinha me recebeu com as mesmas honrarias com que o habitante do deserto recebe, em sua tenda e sem perguntar a que tribo pertence, o viajante solitário, que chega com sede e com fome.
Caminhava tranquilamente quando escutei um som de algaravia, de natureza em festa, que me transportou a um passado distante.
Fui em direção do som e acabei chegando, de novo, não a Istambul, nem a Marrakesh mas à infância.                                                                                   
Minha e dos pássaros crianças, que se regalavam com os saborosos frutos maduros de uma antiga e generosa cerejeira
Sem piscar, entrei na festa; afinal, eu estava em casa e o jorro de vida que invadiu todo meu ser me fez sentir 50 anos mais jovem.                      
Saí de lá com a roupa, mãos e lábios lambuzados de vermelho cereja e com a agradável sensação de ter sido surpreendido por um tipo de beleza do mundo  que eu havia esquecido que existia.
Dormi muito bem naquela noite, mas quando acordei no outro dia e olhei o espelho, lá estavam, implacáveis, meus 63 anos, refletidos nos cabelos brancos e nas rugas.
Menos na expressão. Por isso, e de imediato, me vesti, peguei um saco plástico e parti pra minha caminhada e, quem sabe?, colher algumas cerejas.
A pracinha já havia me visto e, tão feliz quanto eu, acenava de longe como quem diz: “Veeeeem, que não tem ninguém!”. Porque  era o feriado de 12 de outubro: a cidade quase vazia e o dia lindo, ensolarado.
Tão cedo que o orvalho formava como que colares de gotas de cristal  piscando à luz do sol. Mais as flores e o perfume... Minha anfitriã me recebia ainda mais linda que no dia anterior.                                                   
Até os pássaros me reconheceram e não se sentiram nem um pouco ameaçados; nem mesmo estranharam meu comportamento, de me pendurar nos galhos como um deles.
A Cerejeira, generosa não só nos frutos mas na copada também, escondia, camuflava, dentro de si, a mim e aos pássaros.  
De repente, ouvi uma voz autoritária que gritava: “Mas o que é isso? Desce já daí, guri”!
Era o vigilante, um rapaz jovem, que havia chegado depois de mim e conseguia ver somente meus pés no meio das folhas.
De tão alto do chão, eu tinha perdido qualquer noção de tempo. Mais ainda:  eu havia me perdido no tempo.            
E no espaço também, tanto que me joguei lá de cima, caindo em pé e com a sacola na mão, cheia de cerejas, exatamente na frente do Guarda que me olhava como quem vê um fantasma, de tão espantado.
“Mas que barbaridade”, dizia ele constrangido, atrapalhado e saindo  dali, chacoalhando a cabeça  dizendo: “Puxa vida, a gente vê cada coisa”!                                                
Já fui chamado de tanta coisa, mas de “cada coisa”, era a primeira vez.
 “Mooooço!!,”gritei  pra  ele, que parou e olhou pra trás, ainda espantado.   Então emendei em tom amigável, deixando-o mais atrapalhado, ainda:
“Repara não: hoje é dia da criança!”
Tanto acreditei que saí dali de pés descalços, calças curtas e ao olhar pra trás, lá estava a pracinha solidária, porque também solitária, piscando pra mim!
A geléia, que fiz com as cerejas, com certeza, será saboreada em pequenas doses, mas não em busca de algum tempo perdido, mas celebrando os  espaços e os tempos, preciosos, nos quais, muitas vezes, eu me permito me perder.
Um jeito, talvez, de driblar a idade que as convenções insistem em me dizer que tenho com a idade que sempre tive.

  CarlosGrassioli                                                                                                                                   

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Na contramão...

Sou um ser passante...
já me defini como tal...
Não sou passante na mão, nem na antemão
Sou mais um ser na contramão...
Não na contramão, sentido oposto ao que se deva trafegar...
nem na posição contrária ao convencionado...
mas...e por isso, talvez, pior,
Sou um ser na contramão, que por andar
na posição convencionada, ou talvez, e aí então, na mão,
conheça e, aí, de antemão, o lugar ao qual precisaria ir,
mas que fica muito afastado do itinerário que se tem em vista percorrer,
então por isso,
e só por isso, na contramão...

 com amor
Fátima

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Apesar de contrariar um pouco o nosso querido tio Carlos (hehe), posto hoje aqui uma crônica de uma mulher que eu admiro muito e que realmente tem o dom da escrita. Constantemente, me vejo nos seus textos, muitas vezes em todas as linhas. Então, se me permitem, aí vai uma ótima leitura de Martha Medeiros. Não deixem de apreciar. 

P.S.: Amanhã é meu aniversário (20.11)! Um dia muito feliz pra mim! 

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Explosões

'Não tenho nada a ver com explosões', diz um verso de Sylvia Plath. Eu li como se tivesse sido escrito por mim. Também não faço muito barulho,ainda que seja no silêncio que nos arrebentamos.
 
Tampouco tenho a ver com o espaço sideral, com galáxias... Preciso estar firmemente pousada sobre algo - ou alguém. Abraços me seguram. E eu me agarro. Tenho medo da falta de gravidade: solta demais me perco, não vôo senão em sonhos.

Não tenho nada a ver com o mato, com o meio da selva, com raízes que brotam do chão e me fazem tropeçar, cair com o rosto sobre folhas e gravetos feito uma fugitiva dos contos de fada, a saia rasgando pelo caminho, a sensação de ser perseguida...

Não me sinto à vontade onde o sol tem dificuldade de entrar. Prefiro praia, campo aberto, horizonte, espaço pra correr em linha reta. Ou para permanecer sem susto. Não me envolvo com o que não me envolve. Se é caso sério eu me dôo, se é bobagem eu me abstenho.

Não tenho nada a ver com cenas de comerciais de TV, sou um filme sueco, uma comédia britânica, um erro de adaptação, um personagem que esquece a fala...

Nada tenho a ver com não gostar de mim. Me aceito impura, me gosto com pecados, e há muito me perdoei.

Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei.
 
Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, mas me sinto.

Minto. Tenho tudo a ver com explosões.

(Martha Medeiros)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ser passante...

Sou um ser passante...
Passo pela rua.
Passo pelo mundo.
Passo pela praça.
Passo pela vida...


Mas, não passo em vão...
Passo vendo.
Passo observando.
Passo pensando.


E, no meu passo vejo tanta coisa...
...intrigas vestidas de boas intenções.
...ódio transmutado em amor.
...afago de quem sabe acarinhar.


Não passo rápido. Passo no compasso certo.
Para não perder o passo.
 




 Fatima

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Poesia feita em casa...

Tem dias,

 Porque o porto de onde eu parto é solidário com minha dor,
que eu parto inteiro.

Outros, porque solidário com a dor do porto,
que eu parto ao meio.

Outros, ainda, que eu nem parto.
Porque sou o próprio porto.

Um porto que dói em ais,
Pela falta de um cais.


Carlos Grassioli
Praia da Gamboa, agosto de 2010.





terça-feira, 9 de novembro de 2010

Palavras-chaves para advogados!

Oi pessoal! Depois de pouco menos de um mês de trabalho no escritório que estamos, chegamos à algumas conclusões muito importantes para nossa profissão e gostaríamos de contar para vocês!

- Logo que entramos na faculdade, as palavras que queriamos aprender eram: jurisprudência, "in dubio pro reo", "data venia", cautelar, ordinária, execução, etc... 

Porém, passados (longos) 05 anos, percebemos que as palavras que realmente gostamos de aprender e /ou ouvir são: ALVARÁ, HONORÁRIOS, SUCUMBÊNCIA!

O resto só serve para enfeitar as petições! hahaha

Só pra descontrair um pouco!!!!!! 
 
Beijos pra vocês
Pati e Tiago




sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sentido único

Não há volta!
Quando percebemos isso bate o desespero
Mas é nessa hora que mudamos tudo na nossa vida
pensamentos, sentimentos, incrível!

Nunca é tarde!
Quando percebemos isso nos tranquilizamos
E colocamos em prática tudo o que mudamos
pensamentos, sentimentos, incrível...

Todas as fases, todas as tristezas,
é vida, é assim..

Aí entendemos porque todos falam de amor.
Amor não é atração física,
é energia.

Com amor.

Tiago Alegretti

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pensando...

"Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei."
                                                                               Sócrates (469-399 a.C.)

E...

"Há algum tempo eu me apercebi de que, desde  meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão duvidoso e incerto, de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, me desfazer de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos."

                                                                               Descartes (1596-1650)

E...


"São muitas as perguntas. E o mais penoso de nosso tempo é que só os tolos parecem ter certezas, enquanto as pessoas de imaginação e raciocínio vivem cheias de dúvidas."
                                                                                Bertrand Russell (1872-1970)


E...assim vou construindo minha colcha de retalhos...

Com amor
Fátima

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sou pensante...

Agora, mais do que nunca, vejo e sinto que sou um ser pensante....
E, quanto mais percebo isso, menos coisas tenho a dizer ou a escrever ...
Não sei se  é  uma reação ao muito que se diz ou se escreve, nesse nosso mundo... e tanto está sendo dito, ou escrito, que me parece que o mundo se tornou um todo "falante" ou "escrevente".
Parece-me que nos tornamos grandes conselheiros, grandes "auto-ajudantes ", a internet deu-nos a possibilidade de dizer, de apontar, de escrever...
E-mail e e-mails diários, nos dizem o que somos, o quanto podemos, o que deveríamos fazer de  mil maneiras diferentes, e o mais importante, ditam o certo e o  errado com uma lucidez assustadora...e  vamos repassando, aos próximos, que "precisam aprender"...e a Verdade toma forma, temos certeza... ( talvez um dos nossos maiores e atrozes erros...).
Podemos sair apontando, criticando sabemos o que é "politicamente correto", conseguimos visualizar tudo e todos, mas esquecemos de um serzinho muito importante, dentre todos...nós mesmos!
Quando comecei esse blog, pensei que seria bom escrever...então percebi que não estamos precisando de mais escritos...estamos precisando de seres que sintam vontade de ouvir, estamos precisando de pessoas que queiram ler, analisar, duvidar, questionar, parar um pouquinho e pensar...
Cada palavra que escreverei, neste blog, quero que seja uma dúvida na cabeça de quem lê, quero que nada seja lido como certo e correto, somente assim terei condiçoes de colocar alguma coisa neste espaço...
Nada do que eu colocar aqui (seja meu escrito ou postagens de alguém que respeito) deve ser lido como verdade , tudo deve ser visto como uma possibilidade de assim o ser...porque é assim que leio as coisas que leio, e escrevo as coisas que escrevo!
Portanto, a maior finalidade deste blog, é um tanto egoísta, quero aprender...e sinto muito, não tenho nada de certo para dizer..
Então, meus queridos, se ficarem na dúvida do porquê deste blog, quero me unir a vcs e nesse sentido dizer,
 também tenho essas mesmas dúvidas ...
Por hoje é isso....







.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Catando pedras...

Obrigada sempre, aos queridos que lembram de remeter
para que eu possa postar...(nesse caso, tio Carlos)
 

  Assunto: Não há emoção no estado

Época de eleição é época de desvarios. A razão costuma  entrar em férias e a
sensibilidade fica à flor da pele. Em família e no trabalho, no clube e na
igreja, todos manifestam opiniões sobre articulações  políticas e candidatos.
O tom varia do palavrão a desqualificar toda a árvore  genealógica do candidato
à veneração acrítica de quem o julga perfeito. A  língua se espicha em sete
léguas para difamar ou louvar políticos. Marido  briga com a mulher, pai com o
filho, amigo com amigo, cada um convencido de  que possui a melhor análise sobre
os candidatos... e todos parecem ignorar que  vivemos numa relativa democracia
em que reina a diversidade de forças  políticas, embora impere a ideologia das
elites dominantes. 

Há um terceiro grupo que insiste em se manter  indiferente ao período eleitoral,
embora não o consiga em relação aos  candidatos, todos eles considerados
corruptos, mentirosos, aproveitadores e/ou  demagogos.
Haja coração!

O problema é que não há saída: estamos todos sujeitos  ao Estado. E este é
governado pelo partido vitorioso nas eleições. Portanto,  ficar indiferente é
uma forma de passar cheque em branco, assinado e de valor  ilimitado, a quem
governa. E tanto o governo quanto o Estado, com o perdão da  redundância, são
absolutamente indiferentes à nossa indiferença e aos nossos  protestos
individuais.

É compreensível uma pessoa não gostar de ópera, jiló,  viagem de avião ou da cor
marrom. E mesmo de política. Impossível é ignorar  que todos os aspectos de
nossa existência, do primeiro respiro ao último  suspiro, têm a ver com
política.

Já a classe social em que cada um de nós nasceu  decorre da política vigente no
país. Houvesse menos injustiça e mais partilha  dos bens da Terra e dos frutos
do trabalho humano, ninguém nasceria entre a  miséria e a pobreza. Como nenhum
de nós escolheu a família e a classe social  em que veio a este mundo, somos
todos filhos da loteria biológica. Nossa  condição social de origem resulta de
mero acaso. E não deveria ser considerado  privilégio por quem nasceu nas
classes média e rica, e sim dívida social para  com aqueles que não tiveram a
mesma sorte.

Somos ministeriados do nascimento à morte. Ao nascer,  o registro vai parar no
Ministério da Justiça. Vacinados, vamos ao Ministério  da Saúde; ao ingressar na
escola, ao da Educação; ao arranjar emprego, ao do  Trabalho; ao tirar carteira
de motorista, ao das Cidades; ao aposentar-se, ao  da Previdência Social; ao
morrer, retornamos ao Ministério da Justiça. E  nossas condições de vida, como
renda e alimentação, dependem dos ministérios  da Fazenda e do Planejamento, e
do modo como o Banco Central administra a  moeda nacional e o sistema
financeiro.
Em tudo há política. Para o bem ou para o mal. Posso  não saber o que a política
tem a ver com a conta do supermercado ou o valor da  matrícula escolar. Muitos
ignoram que a política se faz presente até no  calendário. Não que determine as
estações do ano, embora tenha tudo a ver com  os efeitos, como inundações, secas
e desabamentos. Já reparou que dezembro, o  último mês do ano, deriva de dez?
Novembro de nove, outubro de oito, setembro  de sete?
Outrora o ano era de dez meses. O  imperador Júlio César decidiu acrescentar um
mês em sua homenagem. Assim  nasceu julho. Seu sucessor, Augusto, não quis ficar
atrás. Criou agosto. Como  os meses se sucedem na alternância 31/30, Augusto não
admitiu que seu mês  tivesse menos dias que o do antecessor. Obrigou os
astrônomos da corte a  equipararem agosto e julho em 31 dias. Eles não se
fizeram de rogados:  arrancaram um dia de fevereiro e resolveram a questão.

O Brasil será, a partir de 1º de janeiro de 2011, o  resultado das eleições de
outubro. Para melhor ou para pior. E os que irão  governá-lo serão escolhidos
pelo voto de cada um de nós. E graças aos impostos  que pagamos eles irão
administrar – bem ou mal – os bilhões arrecadados pelo  fisco, incluídos os
salários dos políticos e o custo de seus gabinetes e  respectivas mordomias.
Faça como o Estado: deixe de lado a emoção e pense com  a razão. As instituições
públicas não têm vida própria. São movidas por  políticos e pessoas indicadas
por eles. Todos esses funcionários públicos, a  começar do presidente da
República, são nossos empregados. A nós devem prestar  contas. Temos o direito
de cobrar, exigir, pressionar, reivindicar, e eles o  dever de comprovar como
respondem às nossas  expectativas.

Convença-se disto: a autoridade é a  sociedade civil. Exerça-a. Não dê seu voto
a corruptos nem se deixe enganar  pela propaganda eleitoral. Vote no seu futuro.
Vote na justiça social, no  direito dos pobres à dignidade, na soberania
nacional.

*Frei Betto, escritor.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Catando pedras..

... é a conclusão de um livro de jardinagem, edição de 1974 (portanto vai com a grafia portuguesa da época), o título original é: Le Jardin de Fleurs en 10 leçons
                                                  de Maurice Fleurent.

     " Esta obra é incompletíssima. Os leitores que desejarem saber  tudo poderão pedir licença para consultar, além das obras que aconselhamos, os 12000 volumes que a Sociedade Nacional de Horticultura de França conserva na sua biblioteca...Mas mesmo assim ficariam apenas com o conhecimento imperfeito dos trabalhos de jardinagem, os quais exigem imperiosamente uma experiência e uma presença atentas.Outro tanto acontece, sem  excepção, com todos os empreendimentos humanos. Observar, comparar, descobrir, reflectir, criar, decidir, escolher são o destino comum de todos os jardineiros. Poderão então dizer com algum orgulho - não sorria! - estes são os meus delfínios ou os meus enxertos de forsythia. Os jardineiros são os últimos aventureiros do mundo moderno, simultaneamente os mais ambiciosos e os mais modestos. Ambiciosos porque o seu propósito consiste em submeter a natureza às suas exigências, orientá-la e controlá-la. Modestos porque sabem por experiência própria a fragilidade dos seus cometimentos, expostos constantemente aos caprichos da sorte e do céu!...
      E os jardineiros figuram também entre os amáveis e verdadeiros filósofos. Aceitam e buscam as inúmeras dificuldades da luta que travam com o reino vegetal, onde todos - ricos e pobres - estão sujeitos às mesmas servidões e expostos às mesmas surpresas, onde todo o seu saber e toda a sua relativa autoridade profissional ou social não servem para absolutamente nada. É essa a grande lição da jardinagem! Não é verdade que estamos longe da ideia que cada um tinha a tal respeito?..."



Cato, acho e posto para vcs!!!
amor

Falando de amor...

      "Ainda que eu falasse as linguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que
       soa ou como o sino que tine.
        E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda
        que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes e não tivesse amor, nada seria."
        ( aos coríntios,13)

     

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

"alma pensante"...(obrigada T.C.)

Perguntado, pelo principe Leonte, qual era a natureza de sua "sabedoria", Pitágoras (em 580-500 a.c.) respondera: sou apenas um filósofo. Com essa resposta, ele desejava esclarecer que não tinha a posse da sabedoria, assumia a posição de ser apenas, um "amante do saber"...
Pitágoras intitulou-se filósofo, em contrapartida ao termo "sábio"...
Muitas vezes me pergunto, porque a filosofia, fugiu, com o passar do tempo de seu significado etimológico??
Muitas vezes a vejo nas mãos de intelectuais, ou pseudo-intelectuais, que adonados de "verdades", conceitos  (ou seriam preconceitos?), tentam enquadrá-la em suas enrustidas posições de "sábios', em patamares inatingíveis, ou atingíveis somente por suas mentes avantajadas (??).
"Amar o saber", carece de desmistificação, é um dom ou um direito, pertencente a  todo o ser humano pensante...que somos...!!
É esse o objetivo primeiro desse blog...pensar sem vergonhas, sem medo de ir ao encontro de tabus, mitos ou "verdades"... sermos realmente, "animus" pensantes, "almas pensantes"...

"Posso não concordar com o que dizes,
mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo." (Voltaite)

 Amor
Fátima

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A igualdade dentro da hierarquia (autoria de Carlos Grassioli)

Falando em Nietzsche: "Como é agradável ouvir palavras e sons! Não serão as palavras e os sons os arco-íris e as pontes ilusórias entre as coisas eternamente separadas?"( Assim falava Zaratustra)

Caríssimas “almas pensantes”, ( em português também ficou bonito não?) todo o movimento ou gesto, que venha contribuir para preencher ou pelos menos diminuir os espaços , muitas vezes, abismos, que os tempos modernos insistem em criar entre as pessoas, priorizando a máxima perversa, “ eu cuido de mim e o resto que sifu”, é merecedor de aplausos.

Então tô nessa!

Hoje, vou contribuir com um pequeno trecho, que considero bem oportuno para o blog, sobre a questão da igualdade dentro da hierarquia, de um surpreendente livro, escrito por um maestro, que faz uma brilhante abordagem filosófica sobre a relação que a música tem com nossas vidas .

Leiam com calma e atenção...como se fosse música.

Porque pra mim, é música. Bom Proveito!

O movimento lento da sonata Patética de Beethoven abre com uma melodia relativamente simples. No entanto, quando o analisamos de perto, vemos que há uma voz principal que tece seu caminho através de todo o trecho e uma linha de baixo secundária que a acompanha, no melhor sentido da palavra - não simplesmente seguindo-a, mas subindo quando a melodia cai e vice-versa -, desse modo, conversando e influenciado-se mutuamente. Ao mesmo tempo, há uma voz mediana que proporciona uma sensação de continuidade e fluidez.

No último prelúdio do livro 1 de O Cravo bem temperado, de Bach, existem três vozes diferentes, cada uma disputando nossa atenção em momentos diferentes. As duas vozes superiores são igualmente importantes e seguras da sua importância, permitindo-lhes um diálogo entre iguais. A linha de baixo tem um movimento lento, contínuo, que possui uma função melódica muito menos importante, mas é capaz de influenciar o diálogo de duas vozes superiores por meio de mudanças harmônicas que forçam as vozes principais a estarem constantemente vigilantes.

Mesmo nas árias líricas de Bellini, Donizetti ou Verdi, nas quais fica claro que existe apenas uma voz principal cantando no palco e a orquestra meramente fornece o acompanhamento, é evidente que esse acompanhamento desempenha uma importante função rítmica e harmônica, influenciando e caracterizando claramente a linha da canção.

A hierarquia que existe em toda a música respeita a individualidade de cada voz, que pode não ter os mesmos direitos mas, certamente, tem a mesma responsabilidade como todas as outras vozes. Isso, naturalmente, é muito mais fácil de alcançar na música do que na vida; como é difícil criar, no mundo, igualdade dentro da hierarquia."
(Do Livro,” A música Desperta o Tempo” do Maestro de origem judaica - Daniel Barenboin que junto com um intelectual palestino, tiveram a idéia genial e ousada, de criar uma orquestra de jovens músicos árabes e israelenses e que viajou pelo mundo todo, fazendo o maior sucesso)

Carlos Grassioli

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

JURISQUISITO 2 - "As esquisitices da maioridade"

Antes de relatar as esquisitices da maioridade no Brasil, vou tentar explicar, em poucas palavras, como isso funciona.
Toda pessoa que nasce com vida tem personalidade e capacidade de DIREITO, que é aquela capacidade, por exemplo, de ser proprietário de algo. Acontece que até os 16 anos essa pessoa precisa ser REPRESENTADA por alguém para praticar os atos da vida civil, como comprar e vender imóveis, por exemplo, e dos 16 aos 18 anos ela também precisa de outra pessoa, porém, como nessa idade a pessoa é considerada RELATIVAMENTE INCAPAZ, ela não precisa ser REPRESENTADA, e sim, ASSISTIDA por outro. Isto traz, em tese, algumas diferenças, porém na prática são pouco visíveis.

Ok, agora vamos ao que interessa. Olha só esse artigo do Código Civil:

Art. 5o Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

Levanta a mão quem já viu menor de 18 anos se formar.

Tá tá, alguém já deve até ter ouvido falar, mas que negócio estranho esse, e tem mais, esse artigo é pra quem? garotos prodígios?
Eu sei, eu sei, a lei se resguarda, muitas vezes, de situações hipotéticas, pois CASO elas aconteçam, já estava previsto, mas ficou estranho isso aí, ou não?

Agora pasmem com essa:
II - pelo casamento;

PELO CASAMENTO? A pessoa se casa com menos de 18 anos e é considerada CAPAZ? Quem mundo é esse? Essa pessoa deveria era ser considerada INCAPAZ pelo resto da vida isso sim!!
A pessoa não sabe nada de nada e já casou? mas vai dormir maluco!

pausa pra risadinha (hehehe).

Bom, vamos voltar ao texto porque tem mais. Vocês já notaram que em 99% dos roubos, assaltos, homicídios, etc., tem um menor envolvido? e todo mundo, INCLUSIVE ELE, culpam o menor. Parece aquela frase dos irmãos mais novos: "Sempre a culpa é do menor".

Pois é, isso acontece porque, em 2010, quando os garotos de 17 anos tem mais experiência sexual que uma pessoa de 40, sabem tudo de internet, desmontam celulares e computadores, falam inglês, etc. "não sabem o que estão fazendo quando apontam uma arma na tua cabeça".

Popará amigo, um garoto de 17 anos hoje é o cara de 30 da geração passada, ninguém percebeu isso ainda?

Aliás, todo mundo percebeu, mas o Direito é lento, e alguns defendem que deve mesmo ser assim, a fim de não serem cometidas injustiças pela precipitação.

Tá bom, enquanto for assim eu vou ter muito sobre o que escrever!

Abração e até a próxima!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Livros e escritores

Olá pessoal! Eu, como boa nora que sou, também vou colaborar com esse  blog super interessante - do meu jeito, é claro. A maioria das vezes que eu escrever aqui será para falar de escritores e livros (de todos os tipos) além de opinar nas postagens de outros colaboradores. Com o tempo, escreverei outros assuntos, um pouco mais polêmicos (todo mundo sabe que eu adoro uma polêmica) desses que fazem a alegria da mídia sensacionalista brasileira...mas, é tãão legal né? 

Enfim, começo hoje com uma breve síntese de um filósofo muito especial para mim: Friedrich Nietzsche. Um filósofo muito controverso: querido por muitos, mas odiado por outros tantos. Nietzsche era alemão, descendente de família cristã, e até pensou em seguir o caminhos dos pais e avós. Porém, quando da morte de seu pai, Nietzsche muda de cidade com sua mãe, aonde ganha uma bolsa de estudos para uma famosa faculdade da época, e assim começa a se distanciar do cristianismo, influenciado por alguns professores. Até então, Nietzsche não tinha interesse em filosofia, o que muda quando Nietzsche começa ler Schopenhauer: ele passa a "viver de filofosia", influenciado pelas idéias contrárias ao Cristianismo, e assim lança uma de sua obra mais expressivas - O Anticristo.  
           
E assim inicia-se a Era Nietzschiana, com muitas "filosofadas" no caminho. Para mim,  Nietzsche era um homem brilhante, muito a frente de seu tempo. Combatia a imposição do Cristianismo com unhas e dentes, lutava com os preconceitos da época, afirmando que as pessoas não podem - e não devem - se esconder atrás de religião e política. Friedrich Nietzsche queria desmacarar essas pessoas: queria uma vida com a realidade à mostra e, sobretudo, queria dar igualdade aos iguais. 

"Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar." Friedrich Nietzsche

Até a próxima!  :)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

JURISQUISITO

Iae pessoal, beleza?

Seguinte, de tempos em tempos escreverei aqui sobre curiosidades do Direito, ou melhor, coisas legais e esquisitas que eu encontrar enquanto estudo ou trabalho, e também darei algumas dicas que penso serem importantes principalmente para quem não é da área ficar por dentro dos seus direitos.

Bom como o blog está no começo, provavelmente quem vai ler isso será minha mãe, OI MÃÃE, minha irmã, bjo mana, minha namorada, te amo amor e minha sogrinha, bjo sogra! Mas já é um público considerável não? :)

Bueno, de revesgueio (nossa puxei do fundo da alma essa) já começo com uma curiosidade bem conhecida pelos estudantes do Direito, a do motivo torpe no homicídio, explico:

A grosso modo, se alguém sair na rua e matar a primeira pessoa que encontrar na frente, sem motivo algum, ela responderá por homicídio simples. Porém se ela matar uma pessoa porque mexeu com sua namorada, por exemplo, responderá por homicídio qualificado por motivo torpe, onde a pena será maior, ou seja, para o Direito é "melhor" que você mate alguém sem motivo algum, do que por um motivo besta! É esquisito ou não é?

Bom, esse foi o primeiro JURISQUISITO do blog galera, quem gostou marca aí embaixo como interessante, legal ou engraçado, quem não gostou muito marca também, pra motivar o autor para a próxima hehe!

Um abração e até mais!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

 

"O Direito se conquista, por isso a nossa luta."

Fatima Camargo Alegretti